7 de nov. de 2010

Terceirãooooo....leitura e comentário....

O eucalipto: a polêmica e o contraditório.

A polêmica.
A polêmica sobre a eucaliptocultura sempre foi acirrada e há os que atribuem a ela a destruição das matas nativas, o empobrecimento do solo, o esgotamento da água e redução da biodiversidade animal e vegetal; os plantios são monoculturas extensas, caracterizadas por apresentar baixa diversidade ecológica, resultando em instabilidade ou vulnerabilidade a mudanças climáticas ou ataque de doenças e pragas e além disso, reduzem as oportunidades de trabalho na região onde são plantadas, aumentando o êxodo rural. A simplicidade biológica própria da monocultura quando comparada à diversidade e riqueza de uma floresta nativa é flagrante. Isso sugere que a substituição de florestas nativas por plantações a título de reflorestamento seja um contrasenso, em termos ambientais, sociais e até econômicos, em face dos diversos bens materiais e imateriais (paisagem, fármacos, fitoterápicos, potencial genético, contato com a natureza, lazer) fornecidos pelas matas naturais. Os empregos gerados são considerados, em grande parte, de baixa qualidade e, na maioria das vezes, de caráter temporário, com baixos salários, más condições de alojamento e má alimentação, destacando-se pelo descumprimento da legislação trabalhista. Os trabalhadores envolvidos na produção da madeira atuam em atividades tais como limpeza e preparo do terreno para o plantio, preparo das mudas nos viveiros, plantio, combate a formigas, capina braçal, corte com motosserra, arraste, empilhamento e transporte de madeira, carregamento de caminhões, replantio, manutenção das áreas de plantio. São subdivididos em três grupos distintos de trabalhadores: trabalhadores da produção da madeira, trabalhadores da produção de carvão vegetal (carvoeiros) e mulheres trabalhadoras.O principal temor atual dos ecologistas e ambientalistas gaúchos é com a possibilidade de ocorrer no Rio Grande do Sul o que aconteceu no Espírito Santo, Uruguai e também no Sul do Chile. Nestes lugares, segundo os ambientalistas, os chamados “desertos verdes” reduziram a água disponível, extinguiram espécies e também empregos, pois as atividades foram todas mecanizadas. No Uruguai, dois projetos, de duas fábricas de celulose já aprovadas, uma da escandinava BOTNIA, a qual já adquiriu 100 mil hectares de terra, e outra da espanhola ENCE, que já adquiriu 85 mil hectares de terra, com investimentos previstos de US$ 2 bilhões, enfrentam forte resistência dos ecologistas e setores populares. No Uruguai, já são 700 mil hectares de árvores plantadas e no Sul do Chile 2 milhões de hectares. O Governo argentino questionou o investimento da finlandesa Botnia e da espanhola Ence na cidade uruguaia de Fray Bentos, reclamando da contaminação dos efluentes tóxicos que seriam jogados no rio Uruguai. Apesar de múltiplas promessas de modernização das fábricas, em termos de controle e tecnologias ambientais, as plantas que estão sendo propostas para instalação em Fray Bentos são as mesmas que, em toda parte do mundo, recebem questionamentos sobre seus impactos ambientais e são cada vez mais acuadas por legislações que impõem limites à contaminação. Conforme o Greenpeace da Argentina, um dos principais problemas das plantas de ceulose e papel é o despejo de organoclorados nos rios e demais cursos d água. São compostos que afetam a vida aquática e se armazenam nos tecidos adiposos (gorduras) dos organismos, tendo efeito biocumulativo ao longo da cadeia alimentar. Em seres humanos, causam transtornos no sistema imunológico, nervoso e reprodutor. Entre os organoclorados identificados nos efluentes desse tipo de empresas, há numerosos compostos cancerígenos e mutagênicos. O Greenpeace assinala que as plantas de celulose que pretendem se instalar em Fray Bentos representan o dobro da capacidade de produção atual de pasta de papel que a Argentina possui, pulverizada entre uma dezena de empresas. Isto significa alta concentração de contaminantes em Gualeguaychú, daí a necessidade de, conforme a ONG, de o governo argentino manter-se firme e exigir que o Uruguai cumpra o Estatuto do Rio Uruguai, o qual trata de questões de preservação. O Greenpeace também advoga que os governos de ambos os países requeiram instalações modernas, para que as empresas que se instalarem na região sejam ambientalmente sustentáveis. O Greenpeace quer que as plantas adotem um plano de produção limpa, explorando florestas sustentáveis, operando com processos não tóxicos - com tecnologias livres de efluentes - e com o máximo de reciclagem de produtos de papel. Este plano inclui a eliminação do cloro de branqueamento, pois o branqueamento é uma das partes mais prejudiciais do processo de produção do papel. A pasta pode ser branqueada com métodos que não empregam cloro - Totalmente Livres de Cloro o, TCF. Para isto, utilizam-se branqueadores à base de oxigênio, como peróxido de hidrogênio (água oxigenada), ozônio e oxigênio gasoso. Esta tecnologia totalmente livre de cloro é comprovadamente eficiente e economicamente possível. Estender o processo de cozimento e realizar o processo de deslignificação com oxigênio. Este é um pré-requisito imprescindível para fazer com que o processo possa ser totalmente livre de cloro. Com isto, são reduzidas as quantidades de lignina que ingressam nas etapas de branqueamento. Os resíduos da deslignificação com oxigênio podem ser reciclados. Eliminar totalmente os efluentes das plantas de pasta e papel. A eliminação do cloro e de seus subprodutos altamente corrosivos permite às papeleiras operar em sistemas Totalmente Livres de Efluentes. Ao tratar e reciclar os efluentes dentro do processo, é possível reduzir a quantidade de água empregada e eliminar as descargas tóxicas. Aumentar a porcentagem de papel reciclado e o conteúdo de papel reciclado pós-consumo nos papéis à venda. Dispor de medidas para que todo o papel descartado pelos órgãos públicos nacionais seja reciclado. Que o papel de impressão e escrita comprado pelo governo contenha pelo menos 20% de fibras recicladas pós-consumo após dois anos de iniciado o plano. Reduzir a demanda de papel branco. O conflito foi parar no Tribunal Internacional de Haia, com vitória dos uruguaios. A decisão, anunciada em 13 de julho de 2006, foi tomada por 14 votos contra um, tendo os juízes rejeitado o argumento de que haveria o risco de danos ambientais "irreparáveis" na atual etapa da construção das fábricas (o único voto contrário foi de um juiz argentino). No despacho, a presidente do tribunal, Rosalyn Higgins, afirma que "não há indício de que a decisão de autorizar a construção das plantas implique uma ameaça iminente ao meio aquático do rio Uruguai ou aos interesses econômicos e sociais da população ribeirinha" (BBC Brasil/Folha Online, 14/07/2006). Fiel à letra da lei, a decisão determina que o Uruguai assumirá "o conjunto dos riscos", ao permitir que as construções sejam concluídas e, futuramente, poderão até mesmo ser "desmontadas", caso fiquem comprovados danos ambientais permanentes decorrentes das suas atividades. No entanto, a Ence acabou anunciando, no dia 21 de setembro, que irá procurar outro local. O Banco Mundial suspendeu o financiamento para a Ence e para a Botnia.Entre os danos ambientais denunciados estão a degradação do solo, que geralmente fica descoberto nos dois anos após a plantação e nos dois anos depois da colheita, a erosão e a compactação gerada pelo uso de máquinas pesadas. Outro grave impacto é escassez dos recursos hídricos em função do alto consumo de água necessário para as monoculturas. No Sul do Chile, dois milhões de hectares plantados também reduziram a disponibilidade de água para as comunidades. Sob esse aspecto, a eucaliptocultura provoca prejuízos ambientais.No Brasil, também já existe um movimento contra as monoculturas, trata-se da Rede Alerta contra o Deserto Verde, com sede em Vitória, no Espírito Santo. “As grandes empresas de celulose estão comprando áreas brasileira

Fonte: www.marcobueno.net

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